Muito se fala da preparação dos pretendentes à adoção, e no Brasil, o Grupos de Apoio à Adoção, são organizados e coordenados pela ANGAAD (Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção), tem um papel fundamental nesse processo de preparação dos pretendentes, e também no acompanhamento durante o tempo de espera e após a chegada da criança ou do adolescente na família, um trabalho totalmente voluntário. Mas, e a preparação da criança, do adolescente e dos profissionais?
Com relação a preparação dos pretendentes, podemos usufruir de muitas fontes de pesquisas, e profundo arcabouço teórico.
E a preparação da criança e do adolescente, como acontece? Acontece?
Ao longo desses 10 anos de experiência, me sinto autorizada a dizer que essa preparação está longe de acontecer de forma consistente. Acredito que isso se deve a muitas variáveis, mas aqui vou destacar uma delas: o único documento que existe no Brasil sobre o tema é as “Orientações Básicas para Preparação de Crianças e Adolescentes Acolhidos para Adoção”, articulado e elaborado pela rede de profissionais da Coordenadoria Estadual da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça do Pará, em 2020.
Este documento é fantástico e totalmente alinhado com as questões legais, e fundamentação científica sobre a construção cuidadosa e respeitosa de vínculos adotivos. Apesar da grandeza do trabalho desses profissionais, ele ainda é pouco conhecido e aplicado.
Em minha experiência, pude testemunhar muitos equívocos por conta do despreparo da equipe em preparar a criança e o adolescente para adoção. Mas vale ressaltar, que esses equívocos, não se devem a incompetência, mas sim, a falta de produções científicas e um alinhamento de como realizar esse processo de forma mais respeitosa e cuidadosa.
Diante desse contexto, parece que apenas os pretendentes têm a responsabilidade de se preparar, mas não é verdade.
Segundo o ECA em seu artigo 92 e 163, a preparação da criança e do adolescente para a adoção é de responsabilidade do serviço de acolhimento e juiz.
A preparação da criança e do adolescente para adoção importa e impacta.
Acredito que o investimento na preparação deste tripé de preparação (1. Criança e Adolescente, 2 Pretendentes e Famílias, e 3. Profissionais), irá contribuir para diminuir os fatores de riscos e possibilidades de reedições do abandono, as famigeradas “devoluções”.
E meu trabalho tem sido contribuir com a preparação desses profissionais, na construção de metodologias de intervenção com objetivo de prepará-los para realizarem este trabalho, tão fundamental no processo de construção de vínculos na adoção.
Eu convido você profissional a refletir sobre sua prática e como tem realizado o trabalho de preparação das crianças e adolescentes que atende, e estou inteiramente à disposição para ajudá-lo nesse processo.
Kelly Caraça
Psicóloga Clínica - CRP 06/127.713
Kelly Caraça
Psicóloga Clínica - CRP 06/127.713
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