Vamos conversar!
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08/11/2023     Pré- Adoção    Kelly Caraça

A escolha do perfil na adoção.

Em 10 anos de atuação com pretendentes e famílias por adoção, ainda não recebi ninguém que não tenha se incomodado com a escolha do perfil. Em sua maioria, sentem como se estivessem “indo ao mercado comprar algo.” Este texto, é um convite para ampliarmos o olhar para a possibilidade da escolha do perfil.

Mas a possibilidade de escolher o perfil é uma medida extremamente importante e a oportunidade de mergulhar na especificidade da construção da parentalidade adotiva, pois através dela, os pretendentes podem olhar para seus desejos e limitações.

Quando recebo algum pretendente no Programa de Preparaçãopara Adoção (PPA), de acordo com a demanda, faço algumas perguntas, como: o que você gostaria de viver como mãe e/ou pai? O que você está disposto a renunciar? O que seria extremamente difícil para você lidar? Se deseja adotar grupos de irmãos, têm disponibilidade afetiva para a demanda de crianças em idades diferentes? Se deseja adotar criança com alguma deficiência, você está disposto a se dedicar e muitas vezes até custear um tratamento?

Essas são só algumas das muitas perguntas, que cada pretendente precisa se fazer, para escolher um perfil do qual esteja disposto a cuidar e proteger. Mas para respondê-las, é fundamental que o pretendente busque conhecimento sobre desenvolvimento infantil e traumatização para que eles possam avaliar de forma mais concreta seus desejos e limites, com relação às demandas de acordo com a idade da criança ou adolescente, que poderão se apresentar, ou não.

Ter filhos custa. Custa emocionalmente, psicologicamente e financeiramente. E esse custo precisa ser avaliado: estou bem emocionalmente? Existe alguma questão de saúde física ou psicológica que eu preciso cuidar antes da criança chegar? Qual o impacto financeiro de ter um filho?

E você não precisa oferecer para sua criança a melhor escola ou convênio, mas as demandas básicas de se ter uma criança em casa, você consegue oferecer?

Nesta lista, o que os pretendentes tendem a ter mais dificuldade para olhar, é sobre sua saúde mental. Questões mal resolvidas, alguns sintomas normalizados, podem ficar em evidência e potencializar com a chegada da criança.

Na minha experiência na clínica, o que mais demanda, são essas questões dos pais, não cuidadas antes da chegada da criança, que impacta diretamente na construção de um vínculo seguro. 

E se eu mudar de ideia, posso mudar meu perfil?

Ao longo do tempo de espera o perfil pode ser mudado, geralmente, a equipe do judiciário faz uma reavaliação, para compreender melhor as razões da mudança. 

E que a motivação para a mudança NUNCA seja um artifício para agilizar a fila, mas sim um amadurecimento real e legítimo do desejo de alteração. A mudança do perfil que não seja por essa razão, corre grande risco de um “aborto afetivo”.

A possibilidade de escolha do perfil, é uma grande oportunidade do pretendente olhar para sua história, desejos e limites. Aproveite esse tempo, sem moderação.


Kelly Caraça
Psicóloga Clínica - CRP 06/127.713

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